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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Admirável Homem das Neves

Na escola de príncipes nunca foi o primeiro da turma.
Não por falta de vontade, era mesmo desajeitado o pobrezinho.
Pobrezinho era também. Seu potro era o único marrom-acinzentado dentre os outros bravos alvos guerreiros que iriam carregar futuramente futuros paladinos. Ao menos é o que deles se esperava. Dos homens.

Tinha o estranho hábito de carregar consigo um chapéu de cowboy.
Quando lhe diziam que aquilo não era adereço de quem se preparava para tornar-se príncipe, concordava discretamente, e de bochechas rosadas seguia seu caminho, amarrotando o chapéu, pois dali o carregava com mãos ainda mais firmes.

Além do narrador, não abria segredo a ninguém sobre o porque da insistência com a peça.
Apaixonara-se pela bela princesa do Reino do Sul do Arizona.
Não contava pois sabia que dele caçoariam.

Corria por baixas vozes o terrível relato do acontecimento que marcara o Reino do Sul do Arizona. O Rei do Reino do Sul do Arizona prendera o coração de sua filha, a Princesa do Reino do Sul do Arizona.
Corria a sussurros que a pedido dela própria.

Com uma cerimonia de trancamento, diante de toda a Corte do Reino do Sul do Arizona, guardou num baú o coração da filha, e noutro baú, a chave do primeiro baú.
Tomou o vinho e a chave do segundo e enquanto durou o jantar, jurou não contar onde estaria. A chave.

A pele da princesa levava adiante o coração do jovem aprendiz. Queria ter certeza que era tão macia quanto imaginara. Gostaria também de descobrir o mistério dos chinelos da donzela. Diziam que ela os usava sempre, mesmo fazendo tanto frio no Sul do Arizona.

Seu azar as aulas de captura de dragão serem tediosas. Atenção também não dispensava à exposição das técnicas de escalagem de tranças. De nada lhe valiam.

Precisava primeiro aprender a ser chaveiro.

(continua)