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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sen Hora

Resta esperar a tarde imperfeita,






encontrar-se longe.
Em cada jardim, de fundo finito,
rechaçar qualquer perspectiva de dias sem você.
Dividir o frio que dá na carne,
entrelaçar os ossos,
se entender por afinação.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Micídio

Nunca pensei que tivesse que te desenterrar um dia.
Minha ideia para nós era vida.
Ou fui eu quem morreu.
Pega o casaco,
vai ser o inesperado.
Chuta a porta do mundo,
conhece os portos e vive às gotas.
Fui eu que morri?
Vai, lança sorte,
despreza as amarras,
descobre pra que lado sopra o vento da liberdade,
e me conta o que achou.
Me conta o que matou.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Nenhum

Foi passagem prum lugar chamado nenhum.
Esvaziou-se o alvo.
Sonâmbulo.
Esperança sem molde.
Mudaram-se as preferências dos que desenhavam
para buscar algo que desfizesse o que fora escrito.
Não sabiam se o caminho era esse,
mas era o único que haviam encontrado.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Futuro do Preterido

Se houvesse garantia,
ah, se houvesse um meio,
um modo ou jeito,
se eu fosse a causa,
o riso, o conto, o causo,
se valesse o que fora feito,
se contasse o que fora dito,
como que num fio invisível,
me manteria perto,
livre a qualquer custo,
valendo qualquer preço.
Preso por querer.
Se tudo isso valesse alguma coisa
talvez quisesse recomeçar.
Contar centenas de horas com nova métrica,
assistir os segundos pra te ver chegar.

Miopia

Não se trata de ceticismo, só vi que amor é raro, e entendi muitos se enganarem.
Num dia ordinário, todo amor extra descansa em algum canto da casa.
Guardado sei lá porquê. Motivos voluntários têm seu destino viciado.
Uma hora o botão floresce. Pressa nunca foi vista com bons olhos.
Nunca pelos meus, que também já não vêem mais tanta necessidade assim em se entregar.
Amor míope.
Espera chegar perto.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Alvorada

As cartas pareciam cada vez mais confusas. Pensara ter perdido dinheiro num negócio mal arrumado. Resolveu seguir o caminho que mais lhe cabia, deixando para trás conselhos de monges nem tão sábios assim.
Chegou finalmente ao Reino do Sul do Arizona. Tudo quanto ouvira durante uma vida sobre aquele lugar, tornava-se real diante dos olhos do futuro príncipe. Olhos que viam o futuro dali mesmo, do alta da montanha, desenhado entre nuvens, folhas, sombra e muito vento.
Havia muito a ser feito. Talvez mais do que pudesse imaginar.
A Princesa logo soube da chegada do homem que enfrentaria qualquer perigo para alcançá-la. Fato que, na verdade, muito a comoveu. Deu arranjo aos cabelos e vestidos. Calmamente, dirigiu-se ao seu Rei, pai, a fim de  resgatar a chave de seu coração.
O Rei, severo, porém muito astuto, estranhamente não fez caso ao pedido da filha. Sugeriu, contudo, que os dois, mais toda a corte, aguardassem a chegada do tal príncipe.
Não entregaria aquela chave sem a certeza de seu lado terno, nem do egoísta, que descansaria em paz o resto de seus dias e contemplaria a mais bela sucessão de seu trono.
Enquanto a corte era adornada, corria o príncipe entre dragões, vulcões, e ladrões de toda espécie.
Saquearam suas cartas, ouro e tudo mais que penosamente carregava.
Chegou com o que lhe era necessário.
Sob os olhos da Princesa - e do resto da corte, diga-se - , emudecido, precisou de três segundos para decidir seu rumo. Virou as costas e partiu.
Os olhos dela, apesar de belos como jamais havia visto outro, não refletiam o futuro dos seus.
A princesa também não se contentou com o potro. Sem cerimônia, tornou a guardar a chave, cerrando o baú com todo o coração.
O caminho de volta iniciou-se num longo tapete vermelho estendido. O tempo cuidou que já não encontrasse mais as mesmas pedras.
Montou o potro e foi casar-se com o horizonte.

FIM

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Leve

É de outro verão,
é de outro verão tudo o que trago comigo.
Pra ser tão simples assim,
simples,
só se fosse de uma hora pra outra.
Não é.
Você sabe que o tempo leva.
E o tempo levou.
Levou o bem até onde deveria ir,
até outra varanda, mais uma esquina,
outra noite qualquer.
Qualquer hora que baste,
passe leve e livre,
pois foi assim que aprendi a querer.
A te querer.
A te querer de qualquer hora,
essa é a verdade.