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segunda-feira, 21 de março de 2011

Alvorada

As cartas pareciam cada vez mais confusas. Pensara ter perdido dinheiro num negócio mal arrumado. Resolveu seguir o caminho que mais lhe cabia, deixando para trás conselhos de monges nem tão sábios assim.
Chegou finalmente ao Reino do Sul do Arizona. Tudo quanto ouvira durante uma vida sobre aquele lugar, tornava-se real diante dos olhos do futuro príncipe. Olhos que viam o futuro dali mesmo, do alta da montanha, desenhado entre nuvens, folhas, sombra e muito vento.
Havia muito a ser feito. Talvez mais do que pudesse imaginar.
A Princesa logo soube da chegada do homem que enfrentaria qualquer perigo para alcançá-la. Fato que, na verdade, muito a comoveu. Deu arranjo aos cabelos e vestidos. Calmamente, dirigiu-se ao seu Rei, pai, a fim de  resgatar a chave de seu coração.
O Rei, severo, porém muito astuto, estranhamente não fez caso ao pedido da filha. Sugeriu, contudo, que os dois, mais toda a corte, aguardassem a chegada do tal príncipe.
Não entregaria aquela chave sem a certeza de seu lado terno, nem do egoísta, que descansaria em paz o resto de seus dias e contemplaria a mais bela sucessão de seu trono.
Enquanto a corte era adornada, corria o príncipe entre dragões, vulcões, e ladrões de toda espécie.
Saquearam suas cartas, ouro e tudo mais que penosamente carregava.
Chegou com o que lhe era necessário.
Sob os olhos da Princesa - e do resto da corte, diga-se - , emudecido, precisou de três segundos para decidir seu rumo. Virou as costas e partiu.
Os olhos dela, apesar de belos como jamais havia visto outro, não refletiam o futuro dos seus.
A princesa também não se contentou com o potro. Sem cerimônia, tornou a guardar a chave, cerrando o baú com todo o coração.
O caminho de volta iniciou-se num longo tapete vermelho estendido. O tempo cuidou que já não encontrasse mais as mesmas pedras.
Montou o potro e foi casar-se com o horizonte.

FIM